09 dezembro, 2006


O PARAÍSO PERDIDO

Lição do Barroco (e das suas alegorias) para a arte moderna: «é preciso desmembrar o orgânico para recolher dos seus estilhaços a sua verdadeira significação, fixa e escritural» (W. Benjamin).


É o que está ainda a acontecer hoje com a presença do corpo na arte (mas refazendo agora o caminho em sentido inverso): os estilhaços produzidos pelos Modernos reintegram-se em construções híbridas que parecem querer desmentir a ideia da «naturalidade» constitutiva do corpo, e afirmar a outra, a da sua natureza mecânica e de uma vocação «construtivista» – que estão também já na rigidez e na dispersão dos objectos alegóricos do Barroco e nos autómatos do Romantismo. Kleist vem dizer, em Sobre o teatro de marionetas, que o paraíso está perdido para sempre, e que a arte só momentaneamente, pela porta do inconsciente, espreita lá para dentro.

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