A LIBERDADE DA MOSCA
«... admiro o poderoso impulso para a liberdade até na mosca que se debate». Benjamin cita esta frase da peça Julius von Tarent, de um autor, hoje esquecido, do século XVIII alemão, Johann Anton Leisewitz. Esse impulso é, de facto, mais forte na mosca do que em todas as vidas, cada vez mais frouxamente humanas e menos livres na ilusória liberdade das democracias formais, de sociedades em que tudo se compra e vende. E quem vive para comprar e vender não pode ser livre.
J.B., Páginas do Diário para W.B.
Comprar e vender é a actividade dos que perguntam «Quem sou eu?» (e respondem: «Sou o dinheiro que ganhar!»); quem não compra nem vende, está disponível para a «pergunta de homem livre», segundo Maria Gabriela Llansol. Essa é a pergunta que responde aos apelos do mundo dos Vivos e das coisas «sem interesse».
© J.B.
É a pergunta «Quem me chama?», o apelo da relação com outro, a que eu sou livre de responder ou não. Mas se a minha atenção recaiu nele, responder-lhe-ei.
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