21 novembro, 2006

BARROCOS E MODERNOS

Barrocos e modernos em simultâneo: «A essência do Barroco é a simultaneidade das suas acções» (W. Benjamin). O tempo transforma-se em puro presente secularizado ao ser presentificado no espaço (do palco). Os modernos, em particular o Expressionismo alemão, tendem também para a simultaneidade, ou para a convergência intensa de experiências, num momento (o nunc stans dos místicos?), como o enforcado, que, no instante antes da morte, revê toda a sua vida.


J. B., Diário para WB

Não há processador de computador nem ADSL de Internet que funcionem a esta velocidade, muito menos com a intensidade visionária da intuição estética – ou da morte. «O último pensamento dos mortos é uma flor que se abre na sua cara», escreve Maria Gabriela Llansol em Um Beijo Dado Mais Tarde. E Celan, num dos poemas do espólio:

A morte é uma flor que só abre uma vez.
Mas quando abre, nada se abre com ela.
Abre sempre que quer, e fora de estação...


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