24 janeiro, 2007


SABERES

Não sei já como, fui dar a um fragmento de Benjamin intitulado «Tipos de saber», no qual reaparece uma ideia muito benjaminiana, a da verdade como morte da intenção. Caminho, nunca chegada. Ruína e fragmento. Neste pequeno texto, Benjamin distingue cinco tipos de saber, numa reflexão concisa, mas útil a uma época que tantas vezes, ou julga ser detentora de verdades, ou cai na mais gritante ignorância. E conhece mal a humildade da dúvida.
Transcrevo o fragmento (que não vai figurar na edição portuguesa dasObras Escolhidas), e quem tiver olhos para ver descobrirá a sua relação com o que acontece à nossa volta nesta «Idade da prosa» que atravessamos e parece ter vindo para ficar:


I - O saber da verdade
Não existe, porque a verdade é a morte da intenção
II - O saber redentor
Existe como aquela forma de saber em que a redenção se torna consciente, e assim se consuma
Mas não existe como saber que origina a redenção
III – O saber ensinável
A sua manifestação mais significativa é a banalidade
IV – O saber determinante
Este saber, que determina a acção, não existe. No entanto, é determinante, não como «motivo», mas por força da sua estrutura de linguagem. O momento de linguagem na moralidade relaciona-se com o saber. Certo é que este saber que determina a acção leva ao silêncio. Por isso, não é ensinável enquanto tal. Este saber determinante parece ter afinidades com o Tao. Mas é exactamente o oposto do saber do ensinamento socrático da virtude, pois este é motivante da acção, mas não determinante para quem age.
V – O saber por intuição ou conhecimento
É uma forma altamente enigmática do saber. É qualquer coisa que, no domínio do saber, equivale ao presente no domínio do tempo. Só existe numa transição inapreensível. Entre quê? Entre a intuição e o saber da verdade


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