A ESPERA
Parou há dias a escrita. Suspenderam-se as imagens. E ainda será assim por algum tempo, até regressar em pleno, espero, a pulsão do verbo. Por agora, o investimento é todo físico e libidinal. De corpo afectante e afectado. A altura dos afectos, a potência de agir total, sobrepõe-se à rasura das afecções parciais. O real mais fechado do intelecto, que tem na palavra o seu veículo privilegiado, deu lugar a uma realidade amplificada e nova, não alegre, mas humana, a uma forma particular de júbilo que nasce da convivência com a dor que lentamente cede à força anímica e vital de um corpo acompanhado de outros corpos.
Para esta nova realidade, feita de afectos activos, a contenção (con-tensão) intensa da imagem é, ainda assim, janela mais adequada. Até que as águas deste rio de escrita voltem a correr, ficam apenas três imagens, roubadas não sei de onde:
o fio da lágrima, agora já seca, que vi no rosto da V.,
o Tigre reencontrado para a Emily
e a réstia de sol entrando pela janela da MG, que lentamente volta a abrir as portadas da alma.
E ainda: um sorriso sereno e interior para a Albertina, anjo nocturno destes dias:
(E no próximo encontro esperado dos diversos, este lápis será teu!):
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