FACES DA PEDRA-XISTO
1.
como uma pedra-canto das origens
me chegas projéctil amputado
sibilando no éter regressado
do fim dos tempos para te dares a ouvir
num presente que não te escuta
mostras no flanco a ferida o ADN
de uma raça extinta de aedos e profetas
que em ti alimentaram ilusões
e te ocultaram a cegueira
de tempos por vir
2.
como uma pedra-pássaro
de asas cortadas vences
em voo rasante e triste
o atrito da dor
na massa pesada do ar
no desbotado veneno em que a custo
se ouve ainda o teu lamento______
onde se viu antes um pássaro assim
pálido e lilás e desasado?
3.
como uma pedra-peixe te imagino
em fundos insondáveis
sobrevivente de milénios
prova provada de que o tempo se vence
com as manhas que o corpo aprende
no desprezo da sorte cujos fios
outros poderes tecem e destecem_______
mas é no corpo que se acende a eternidade
4.
como uma pedra-barco que navega
sem medo entre escolhos e baixios ___
porque navegar é preciso e o viver
sem quilha firme mais morte me parece ___
daqui te saúdo negro navio fantasma
sapato voador esporão-promessa
quebra-gelos dos mares da noite escura
5.
como uma pedra-arado feita luz
de relha em riste no sulco da semente
riscas a terra como quem escreve versos
casando linhas que foram separadas
pela desmemória da língua
e a tua ponta de lápis-ferro
volta a inscrever ano após dia
na carne da gleba e da escrita
6.
como uma pedra-arma cais a pique
rachas-me a mente nasce a clari
vidência incendeias-me a alma e
o corpo sabe______ abres-
-me as portas dos lugares da morte
onde outras armas vão extinguindo
todas as luzes _____ e a tua centelha
de Prometeu matéria-prima roubada
por ladrão a ladrão deixará cegos
todos os deuses das trevas e da guerra ______
até ver...
como uma pedra-canto das origens
me chegas projéctil amputado
sibilando no éter regressado
do fim dos tempos para te dares a ouvir
num presente que não te escuta
mostras no flanco a ferida o ADN
de uma raça extinta de aedos e profetas
que em ti alimentaram ilusões
e te ocultaram a cegueira
de tempos por vir
2.
como uma pedra-pássaro
de asas cortadas vences
em voo rasante e triste
o atrito da dor
na massa pesada do ar
no desbotado veneno em que a custo
se ouve ainda o teu lamento______
onde se viu antes um pássaro assim
pálido e lilás e desasado?
3.
como uma pedra-peixe te imagino
em fundos insondáveis
sobrevivente de milénios
prova provada de que o tempo se vence
com as manhas que o corpo aprende
no desprezo da sorte cujos fios
outros poderes tecem e destecem_______
mas é no corpo que se acende a eternidade
4.
como uma pedra-barco que navega
sem medo entre escolhos e baixios ___
porque navegar é preciso e o viver
sem quilha firme mais morte me parece ___
daqui te saúdo negro navio fantasma
sapato voador esporão-promessa
quebra-gelos dos mares da noite escura
5.
como uma pedra-arado feita luz
de relha em riste no sulco da semente
riscas a terra como quem escreve versos
casando linhas que foram separadas
pela desmemória da língua
e a tua ponta de lápis-ferro
volta a inscrever ano após dia
na carne da gleba e da escrita
6.
como uma pedra-arma cais a pique
rachas-me a mente nasce a clari
vidência incendeias-me a alma e
o corpo sabe______ abres-
-me as portas dos lugares da morte
onde outras armas vão extinguindo
todas as luzes _____ e a tua centelha
de Prometeu matéria-prima roubada
por ladrão a ladrão deixará cegos
todos os deuses das trevas e da guerra ______
até ver...
(As fotos originais são de Vina Santos. A pedra foi encontrada por mim, que também a trans-figurei nestas imagens).
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