04 janeiro, 2017

PRUFROCK E OUTRAS COINCIDÊNCIAS

No dia em que circulam notícias sobre a leitura de poemas de Eliot, a começar com «A canção de amor de J. Alfred Prufrock», que Jeremy Irons fez na BBC-Radio, estou eu também, por uma dessas coincidências que só os céus poderão explicar – se tiverem engenho e arte para isso –, a retraduzir, sem finalidade nem objectivo à vista, alguns poemas de T. S. Eliot. E a rememorar os anos de juventude em que este poeta foi a pedra angular da minha descoberta da poesia moderna. Eu lia os poemas de Eliot no comboio, na praia, onde calhava, e pasmava com a linguagem liberta dos padrões de romantismos requentados que enchiam o meu redil da poesia portuguesa. Estes saltavam as cercas, lançavam-se a correr pelos campos do quotidiano, não receavam ser vistos como não-poesia, e ao mesmo tempo mergulhavam, e a nós com eles, nos grandes temas do humano e do mundo. E eu, nos meus vinte anos, escrevia pastiches sobre os «Homens de palha» do Chiado lisboeta e as minhas próprias «Canções de amor…».
Hoje resolvi ler em voz alta e gravar «A canção de amor de J. Alfred Prufrock», e eis que a leitura, a do grande actor britânico e a (humildemente) minha, se põe a ecoar nas duas línguas. Aqui fica, em versão verbi-voco-visual...
A de Jeremy Irons pode ouvir-se aqui: http://www.bbc.co.uk/programmes/b086l220?platform=hootsuite
e a minha própria no video que se segue:



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